Encrenca boliviana

Cena inusitada para quem costuma ver essa rua quase intrafegável.
Dias atrás presenciei uma situação, a princípio curiosa, no lado boliviano. Durante uma “pequena viagem internacional” ao Departamento de Pando – Cobija, às dez da manhã, quase todas as lojas estavam fechadas e o movimento de pessoas no comércio quase nulo, algo intrigante para aquela região.
De repente, sem titubear, nos demos conta de que, sendo nós turistas “e nada burgueses”, poderíamos nos tornar prisioneiros - arranjando problemas, naquela terra de muitas leis.
Soldados do exército encapuzados nos encarando, muita polícia monitorando, lojas fechadas, ruas vazias... Pensamos haver algum ato solene, ou presenciar alguma celebração a pátria dos patrícios, mais não, estava acontecendo mais um capítulo da guerra entre governo e os cidadãos de Made In Bolivia. O furdunço começou bem cedo, com saque em algumas lojas e por conta disso, todas as outras fecharam à visita dos gringos.
O governo de Evo Morales sancionou uma lei, onde toda pessoa física o jurídica de acordo com a Lei 843, fica obrigado a emitir notas fiscais e também condicionado a emitir faturas de todas as suas vendas, para respaldar todas as operações realizadas na cidade.
O descumprimento da lei, praticado ainda por muitos, tem causado o fechamento de lojas até a sua regularização, como também, e o desconforto em alguns empresários de baixo poder aquisitivo. Como retaliação ao governo, os próprios comerciantes saqueiam lojas amedrontando outros empresários a estarem de portas abertas.
Dentre os impostos cobrados pelo governo à ZOFRACOBIJA, os principais são:
IVA (imposto sobre o valor acrescentado), ICE (Imposto Sobre Consumos Especiais), IEDDH (Iniciativa Europeia para a Democracia dos Dereitos Humanos) e GA .


Loja fechada por sonegação fiscal, abre após regularizar.
A situação por lá anda bem mais complicada do que pensamos! E não só economicamente. O conflito mais atenuante está entre os “Colhas e Cambas”, principais grupos étnicos do lado boliviano. Os “Cambas”, descendentes do índio amazônico, dominam os Estados de Santa Cruz, Beni e Pando; os “Colhas”, o mais forte grupo étnico, que descendem da famosa civilização incaica (daí decorre a principal motivação ideológica da pretensa superioridade, o orgulho de descender de um povo que dominou outros povos e construiu um grande império) e detém a hegemonia político-econômica em La Paz, Cochabamba, Sucre, Oruro e Potossi.
Evo Morales faz parte da etnia “Colha” e tem buscado a hegemonia de seu poder por aquelas bandas. Em Pando, mais especificamente em Cobija, onde o predomínio é “Camba”, ele não é nada querido, exatamente pelo conflito que tem causado sua administração para uns bem “ditatória”. Nesse conflito, centenas de famílias já foram obrigadas a deixar a cidade por sofrerem retaliação de um dos grupos. Morales também tenta implantar o dialeto indígena de seu povo nas escolas, saudação de seus subordinados semelhante ao comprimento nazista, tem aumentado os impostos principalmente no serviço de água, estatização dos postos de gasolina onde só é possível comprar através de um cartão de consumo, sem esquecer também do risco de se comprar o petróleo dos gringos sem autorização. Hoje quem toma de conta dos postos são os soldados do exército boliviano. Brincou já viu!
Mas as estripulias de Morales não se finda por ai...
Recentemente Evo decidiu expulsar a Coca-Cola da Bolívia até o dia 21 de dezembro desse ano, como o fim do egoísmo e da divisão. Para o cumprimento de sua decisão, o fim da Coca-Cola marcaria o começo do mocochinche - refresco de pêssego e canela, um refrigerante muito popular no país. Seria para Morales, o fim do capitalismo e o início do comunitarismo. Mas dias depois, teve que voltar atrás de sua decisão devido a repercussão se sua altiva proeza.
A cidade de Cobija é rota turística para quem visita o Acre. Pode se dizer até que, é o “melhor shopping” da região, por sua variada e ampla comercialização de eletroeletrônicos, roupas e bugigangas em geral com preço mais baixo - menos impostos. O Departamento boliviano é assediado pelo Brasil, diga se aqui – sustentado também - pelo vanglorioso real. Mas como todo bom lugar, há também suas mazelas; sua apetitosa comida com tempero suave, porém, saboroso; tem aquela velha conhecida nossa: a saltenha que é uma delícia; sem esquece o bom suco de laranja! Agora o que não rola, pelo menos pra mim é trocar a “Coca-cola” pelo “Mocochinche”. Mas há quem goste!
Sabe o que deu medo? Foi do Evo “Clausurar” o Brasil, já economizamos muito por lá. Agora nem tanto que o dólar está em alta. É bom que, ninguém convide ele para passar uns dias aqui, pra quem gosta de imposto como ele... Seria o início de outra revolução!!! 

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